“Samu”: Sorriso, Abraço, Mensagem, Urgência. Não é apenas uma coincidência. A sigla criada para facilitar a identificação em casos de suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma referência direta ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), que está na linha de frente do combate à mortalidade e minimização de sequelas em pacientes acometidos por essa emergência médica. No último dia 29 de outubro, foi celebrado o Dia Mundial do AVC, e a data é um convite para discutir sobre a melhor maneira de se prevenir e de proceder para garantir o socorro imediato e adequado nesses casos.
O código reflete a seguinte orientação: em caso de suspeita de AVC, é importante verificar se a pessoa que apresenta sinais e sintomas consegue dar um sorriso e um abraço sem que suas capacidades motoras e musculares estejam afetadas, assim como se consegue falar e compreender uma mensagem sem dificuldades motoras e cognitivas. Caso contrário, o Samu 192 Ceará deve ser acionado com urgência.
No equipamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), os casos de AVC representam o maior número de ocorrências atendidas. Somente em 2022, o Serviço atendeu 3.674 casos, uma média de 306 por mês. Neste ano, no período compreendido entre janeiro e outubro, esse número também já soma mais de três mil atendimentos em todo o Estado.
O diretor técnico do Samu 192 Ceará, o médico intervencionista e regulador Luciano Quental, destaca que o atendimento pré-hospitalar está focado na identificação precoce dos sintomas e na remoção do paciente por meio de uma ambulância a um centro de referência para que seja realizado um tratamento específico. Durante o transporte, a realização de medidas emergenciais é essencial para dirimir a mortalidade dos pacientes e evitar maiores danos cerebrais.
Uma vez que o AVC é uma patologia que se agrava exponencialmente a cada minuto, é a rapidez de chegada da equipe assistencial à vítima que determina as possibilidades de sucesso no socorro e tratamento no paciente. “Uma vez que sejam identificados os sintomas e que a população não atrase o chamado [ao número 192], a gente faz a remoção o mais rápido possível, com a maior segurança possível, oferecendo suporte nesse trânsito”, explica Quental.
“Quanto mais precocemente a gente realizar a intervenção, a abordagem, melhor vai ser o prognóstico daquele paciente, tendo em vista a menor quantidade de sequelas”, alerta. Após o atendimento pré-hospitalar emergencial, o tratamento do AVC é realizado em centros hospitalares de atendimento de urgência, que exercem um papel de referência no acompanhamento e recuperação dos pacientes.
Estar informado é fundamental para prestar o socorro adequado. “A primeira coisa que todos precisam saber é que o AVC acontece ‘de repente’ ou subitamente”, destaca Aparecida Rocha, enfermeira do Samu 192 Ceará. “A pessoa estava bem e ‘de repente’ a boca entorta, o braço ou a perna perdem a força e/ou a fala fica alterada”, descreve.
O diretor de Educação Permanente do Samu 192 Ceará, o médico emergencista Yury Tavares, explica por que cada minuto conta: “o AVC é uma condição onde falta fluxo de sangue e oxigênio para uma parte do cérebro, e isso significa que, quanto mais tempo o evento está acontecendo, mais partes do cérebro morrem, o que pode deixar sequelas irreversíveis”, diz. “Quanto mais rápido essa condição é tratada e revertida, menos sequelas se instalam, podendo, inclusive, se tratado rapidamente e adequadamente, não deixar sequelas. Assim como no infarto, no AVC tempo é vida”, alerta.
Além disso, há maneiras de se prevenir e manter o organismo menos propenso a sofrer esse tipo de emergência médica. “Muitos dos fatores de risco para o AVC são preveníveis, e a falta dessa informação faz com que as pessoas não busquem mudá-los. A hipertensão e a diabetes são fatores de risco, que podem ser controlados com medicações e, assim, reduzir as chances de um AVC”, alerta Tavares.
“Existem muitas dúvidas quanto ao assunto e, quanto mais se fala nele, mais a população lembrará que ele existe, sim, e ainda responde por um alto número de casos graves, que levam ao óbito ou a incapacidades permanentes”, afirma Tavares. “Dentre os principais fatores, podemos listar a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade. São fatores de risco preveníveis e tratáveis. Portanto, que podem reduzir o número de casos de AVC”, recomenda o médico.
Em caso de suspeita de AVC, é fundamental ligar de imediato para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu 192 Ceará).
Com informações do Governo do Ceará