Uma estratégia de mobilização e união nacional para garantir que cada habitante do país possa fazer pelo menos três refeições por dia, com alimentos em quantidade e qualidade adequados e a preços justos. Com esses objetivos, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, assinaram o decreto que cria o Plano Brasil Sem Fome. A cerimônia foi realizada em Teresina, na quinta-feira (31.08).
“A fome não é vista pelos outros, ela não dói para fora, dói para dentro. Todo mundo sabe o sofrimento se uma mãe colocar uma criança para dormir com fome e ela acorda e não tem um pão e um copo de leite para tomar”, afirmou o presidente Lula, após relatar a situação de fome com a qual conviveu na infância e juventude.
Em 2022, a Rede de Pesquisadores em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional revelou que 33 milhões de pessoas viviam em condições de insegurança alimentar grave. O Brasil também voltou a ser incluído no mapa da fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No período de 2020 a 2022, 4,7% da população não tinha acesso a uma quantidade mínima de alimentos.
Diante do atual cenário, após 20 anos do lançamento do Programa Fome Zero, Lula voltou ao Piauí para anunciar um novo conjunto de ações com o objetivo de tirar novamente o Brasil do mapa da fome, como ocorreu em 2014. O Plano Brasil Sem Fome também visa reduzir anualmente a pobreza, além de diminuir para menos de 5% os lares em insegurança alimentar grave.
O Plano Brasil Sem Fome articula 80 ações e programas dos 24 ministérios que compõem a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), recriada neste ano. São 100 metas propostas, a partir de três eixos de atuação:
Acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania;
Segurança alimentar e nutricional: alimentação saudável, da produção ao consumo;
Mobilização para o combate à fome.
Multissetorial
A fome é um problema que envolve diversos setores para ser superado, é transversal, porque envolve o combate às desigualdades de renda, territoriais, de gênero, cor/raça e origem social.
O público que as pesquisas indicam que mais passa fome são as mulheres negras, mulheres com crianças até dez anos chefes de família, pessoas em situação de insegurança hídrica, empregados informais, povos e comunidades tradicionais, população em situação de rua, assentados e agricultores familiares. Eles são prioridade nas ações do Brasil Sem Fome.
O plano reúne iniciativas bem-sucedidas, implantação de novas soluções e mobilização nacional da sociedade civil, entes federativos e três poderes da República. Uma medida já em curso e de sucesso é o novo Bolsa Família. O programa agora tem um valor mínimo per capita de R$ 142 e foco na primeira infância, com benefício extra de R$ 150 para quem tem até seis anos e de R$ 50 para gestantes, crianças e adolescentes de sete a 18 anos incompletos. O Bolsa Família retirou da linha da pobreza, já em junho, 18,5 milhões de famílias.
Resultado da reestruturação que o MDS faz desde janeiro no Sistema Único de Assistência Social (Suas), investindo em ações de qualificação do Cadastro Único e na busca ativa, 1,6 milhão de pessoas que tinham direito ao Bolsa Família e não recebiam o benefício foram incluídas no programa.
Outra ação retomada é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que trouxe como novidade o atendimento às cozinhas solidárias. No evento desta quinta-feira, o MDS anunciou a compra de R$ 25 milhões para a compra de alimentos da agricultura familiar para abastecer os equipamentos da sociedade civil que atendem a quem mais precisa. Com esses recursos, serão apoiadas mais de mil cozinhas solidárias, em 25 estados e no Distrito Federal, que receberão mais de cinco milhões de quilos de alimentos.
Diminuir o desperdício de alimentos também é outra medida de combate à fome prevista no plano. E essa é uma ação que integra as centrais de abastecimento pelo país, bem como os bancos de alimentos.
Com informações do Governo Federal