O grande bólido (meteoro extremamente brilhante) visto no Ceará na manhã do último dia 10 de outubro foi gerado pela entrada na atmosfera de uma rocha espacial com cerca de 500 kg viajando a mais de 100 mil km/h. É o que afirma a BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros com base na análise dos vídeos do evento e dos dados captados pelo satélite geoestacionário GOES-16. Ainda segundo a BRAMON, a rocha provavelmente foi completamente vaporizada na passagem atmosférica e não deixou meteoritos em solo.
Ajudou na confirmação dos dados um vídeo feito de um veículo na Serra de Aratuba, que mostra o bólido em alguns quadros.
TRAJETÓRIA
A partir da triangulação do vídeo registrado pelo Clima ao Vivo em Fortaleza e os dados do satélite, foi possível determinar a trajetória do trecho mais energético do bólido. A primeira detecção do bólido ocorreu quando ele estava a cerca de 60 km de altitude, sobre o município de Caridade. Ele seguiu na direção norte numa inclinação de aproximadamente 50° a 104 mil km/h (28,9 km/s), até desaparecer a cerca de 30 km de altitude sobre o município de Pentecoste. Esse trecho detectado pelo satélite tem 40 km de extensão e foi percorrido em 1,35 segundos, mas provavelmente ele foi visível por mais tempo antes e depois desse trecho, mas não gerou energia suficiente para ser detectado pelo satélite.
NÃO DEVEM HAVER METEORITOS
Os dados da energia do bólido disponibilizado pela NASA, nos permite estimar uma energia total equivalente a 50 toneladas de dinamite (0,05 kton). Para gerar essa energia, um meteoroide viajando a 28,9 km/s precisaria ter massa em torno de 498 kg, o que seria uma massa razoável que poderia ter deixado meteoritos em solo no município de Caucaia. Entretanto, este bólido provavelmente não deixou meteoritos em solo.
Simulações matemáticas feitas a partir dos dados deste evento, mostram que em condições normais, toda a massa do meteoroide deve ter sido vaporizada durante a passagem atmosférica. Mesmo variando alguns desses parâmetros, considerando a imprecisão dos dados, a simulação indica que a energia do bólido gerou calor suficiente para desintegrar completamente a rocha.
Estes dados ainda podem ser ajustados e recalculados caso surjam novos vídeos que permitam o refinamento da trajetória.
Fonte: Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON