Dores intensas, vômito, calafrio, febre e icterícia (pele e olhos amarelados) podem ser apenas alguns dos sintomas de cálculo biliar, também conhecido como pedra na vesícula. Inicialmente, alguns pacientes podem ser assintomáticos, mas, com o tempo, passam a sentir dificuldade na digestão ou dores após ingerir alimentos mais “pesados”, como gordura ou massas. É o que explica o cirurgião-geral Gláucio Nóbrega, que atua no Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado.
“O incômodo passa ou, às vezes, é preciso medicar com remédio para dor. O mais importante é procurar um médico e fazer o exame para saber a causa. Descobrindo o cálculo, tem de fazer a cirurgia até para evitar agravamentos”, explicou o médico, que há três anos atende pacientes com este quadro no HMJMA.
A vesícula é um órgão localizado próximo ao fígado e tem a função de armazenar a bile, líquido que auxilia na digestão das gorduras e contém grande quantidade de sais biliares, sintetizados a partir de várias substâncias, entre elas o colesterol. Quando algumas dessas substâncias aumentam a sua concentração na bile, elas podem ir se acumulando na vesícula. Ao passar dos meses e anos, esses acúmulos formam as pedras. “O tratamento é a remoção da vesícula [cirurgicamente]”, destacou o médico.
As cirurgias normalmente são feitas por videolaparoscopia, procedimento que não necessita de cortes longos. O paciente pode ter alta em até dois dias. Em casos mais graves, no entanto, quando a inflamação da vesícula já ocasionou adesão dela a outros órgãos, é preciso realizar incisão, tornando o procedimento mais invasivo.
Outro quadro considerado de maior gravidade envolvem pedras menores, as quais podem migrar pelo canal biliar em direção ao intestino. “Nessa passagem tem uma válvula e a pedra pode ficar presa nela, ocasionado inflamação na vesícula e no pâncreas”, disse o cirurgião, explicando que, nestes casos, é preciso uma investigação maior antes da cirurgia para saber se há comprometimento do pâncreas.
“O paciente, cedo ou tarde, terá de fazer a cirurgia. Então, o ideal é evitar complicações”, disse o médico. Ivanilda Fernandes Rocha Melo, de 52 anos, passou pelo procedimento no HMJMA no dia 3 de setembro. “Eu sentia muita dor, ia à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e me falavam que era pedra na vesícula. Mas eu só tomava remédio para dor e voltava para casa”, conta a atendente, que remediou o problema por três anos.
Recentemente, o quadro dela se agravou. “Eu vomitava sem parar, não conseguia comer, a dor voltava a toda hora. Ai o cirurgião disse pra mim que não tinha mais como adiar”, afirmou. A cirurgia correu sem complicações e ela pode retornar para casa 24 horas depois.
Alimentação saudável
Gláucio Nóbrega explica que não há como prevenir a formação do cálculo biliar, mas é possível reduzir os riscos de formação dele. Para isso, é necessário ter uma alimentação balanceada, rica em fibras, e evitar o consumo de gorduras e massas. Exercícios também podem contribuir, tendo em vista que o sedentarismo aumenta o colesterol ruim. Fumar também pode afetar o funcionamento correto da vesícula.
Uma alimentação balanceada e a prática regular de exercícios, além melhorar o funcionamento da vesícula, contribui para saúde como um todo. Melhora o desempenho cardiovascular, reduz colesterol e previne outras doenças.
Acesso
O Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar recebe pacientes com pedra na vesícula provenientes da Central de Regulação do Estado. Após o encaminhamento para a unidade, as pessoas passam por consulta ambulatorial e bateria de exames antes da cirurgia. Em 2019, a unidade realizou mil procedimentos de remoção de vesícula biliar.
Fonte: Governo do Ceará e Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA)